Autora: A. Cristina Gomes

Cris Gomes: Psicanalista vinculada ao Instituto Sedes Sapientiae através do Espaço Potencial Winnicott. Departamento Psicanálise com criança e ao Núcleo Acesso, na Clínica do Instituto; mestre pela PUC/SP no Programa de CRE.[1] Filiada ao Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana.

[2] Meus agradecimentos aos amigos que fazem parte do grupo hoje com o nome de “The Outsiders”, que ouviram minhas histórias, me deram suporte nas minhas dificuldades e dúvidas. Agradecimento muito especial, especial mesmo a Rodolfo F. Ferraz, que leu com a sua generosidade de sempre, com uma delicadeza extraordinária e pela sintonia que ele permitiu que se estabelecesse entre nós. Meu agradecimento a Ricardo Telles de Deus, que meu deu força e apoio para publicar um trabalho tão fora dos padrões usuais da Psicanálise Clássica, mas que ainda assim consideramos uma Psicanálise ampliada e com o setting modificado, no intuito de atender às necessidades de pacientes em grave estado de sofrimento emocional.  Gratidão é o que posso oferecer. Willian Winkler que, com ternura, houve minhas lamurias todas as semanas, meu eterno agradecimento.

E-mail: krisalida@uol.com.br


[1] Durante esse atendimento, fui acompanhada por Rahel Boraks enquanto supervisora e por minha analista Heloisa Ramos e devo a elas a fundação do meu processo como Psicanalista- sem palavras, só afeto.

[2] Meus agradecimentos aos amigos que fazem parte do grupo hoje com o nome de “The Outsiders”, que ouviram minhas histórias, me deram suporte nas minhas dificuldades e dúvidas. Agradecimento muito especial, especial mesmo a Rodolfo F. Ferraz, que leu com a sua generosidade de sempre, com uma delicadeza extraordinária e pela sintonia que ele permitiu que se estabelecesse entre nós. Meu agradecimento a Ricardo Telles de Deus, que meu deu força e apoio para publicar um trabalho tão fora dos padrões usuais da Psicanálise Clássica, mas que ainda assim consideramos uma Psicanálise ampliada e com o setting modificado, no intuito de atender às necessidades de pacientes em grave estado de sofrimento emocional.  Gratidão é o que posso oferecer. Willian Winkler que, com ternura, houve minhas lamurias todas as semanas, meu eterno agradecimento.


Rua de Solidão e Sofrimento:

Uma história de desencontro e ruptura

Resumo

Rua de Solidão e Sofrimento:

Uma história de desencontro e ruptura

Relato do caso de um paciente esquizofrênico na condição de morador de rua. O trabalho desenvolveu-se, inicialmente, na rua, em bares e por fim em um lugar de atendimento fixo. O Terrorista vive jogado num lugar de agonia e num estado de esfacelamento do Self, em meio a delírios e alucinações. Ele nos mostra através de trabalhos com massa de modelar e fotografias o que seria indecifrável e incomunicável através da palavra. Os nossos encontros ocorrem na maior parte do tempo em uma conversa silenciosa.

Tanto meu trabalho clínico como este artigo são respaldados teoricamente na obra de Marion Milner, de D. W. Winnicott e outros psicanalistas do grupo Independente.

Palavras – chave:psicose/esquizofrenia, agonia, atendimento extramuros, terror

Summary

Loneliness and Suffering Street:

A story of failed encounters and shattering

This paper reports a case study of a schizophrenic street dweller. Therapy sessions initially took place wherever possible: on the streets, in bars, and lastly at a fixed venue.  The terrorist has been thrown into a world of agony and into a state of a crumbled Self, immersed in delusions and hallucinations. Through his work with plasticine and photography, he communicates what is otherwise indecipherable and unintelligible through words alone. Most of the time, our meetings unfolded in a silent, wordless talk.

Both my clinical work and this paper are based on the theory developed by Marion Milner and Donald W. Winnicott and other members of the Independent Group.

Key words: psychosis/schizophrenia, agony, out-of-office therapeautic experience. Terror.


Para proteger a identidade do paciente foram trocados os nomes de todos os personagens envolvidos; não foi feita nenhuma indicação de origem e nem de localidade. Considero impossível qualquer identificação, visto que existem milhares de pacientes nessas condições vivendo na rua.

 Todas as falas citadas no texto são do próprio paciente. Ele deu autorização apenas verbalmente. No atual momento, ele se encontra novamente perambulando pelas ruas e não teria como localizá-lo. Ao longo de minha carreira atendi muito pacientes moradores de rua em uma Organização Social Não Governamental (ONG).


O Início

Nessa rua,

nessa rua tem um bosque
Que se chama,
Que se chama Solidão….[3]

Em um dia qualquer, um conhecido me liga e pede se eu poderia ver um paciente diagnosticado como esquizofrênico que está semi-alojado num centro religioso, vivendo a maior parte do tempo na condição de morador de rua. Concordo e marcamos para o dia seguinte.

Ao chegarmos, ele está num terraço aberto, perto da porta de entrada: imponente e altivo, apesar de maltrapilho, imundo e descalço.

Caminho em sua direção; me apresento. No princípio, ele faz barulhos estranhos e diz: “Yes, Yes, Yes”. Além disto, evita o contato visual.  Pede café e depois uma Coca-Cola. Dou café com leite que compro em um bar perto de onde estamos.

Tiro um caderno da bolsa e entrego para ele. Imediatamente ele começa a escrever. Escreve várias coisas, entre as quais que tinha trocado de alma em 1989 ― provavelmente o ano de um surto significativo. Escreve ainda que é ateu. Pergunta se eu sou “ateia” ou “espírita”. Fala dos espíritos de forma bastante confusa e sem consistência.

 Pergunto se ele gostaria de ser medicado. “Remédio é para torturar o encéfalo”. Escreve: ”Fenotiazina”, “Poliria”, ”2 gotas”. E fala: “Você quer me dar pílulas coloridas? A pílula azul? Ela é para torturar o cérebro da gente. Você pega a prostituta da rua e dá a pílula azul para ela”. E grita: “Haldol- Haldol- Haldol- Haldol- Haldol- Haldol! ”. Foi o único momento, dos três anos que estivemos juntos, que gritou comigo. O que será que fazia este paciente ser tão resistente aos medicamentos a ponto de se tornar violento?

Uma das primeiras associações que faço é com Bin Laden ― só algum tempo depois, percebi que a associação não é nada desconectada do paciente.  Associar o Terrorista ao paciente tem a ver com o fato de que um promove o terror e de que o paciente vive em situação de terror contínuo, como ele mesmo diz repetidamente: “um eterno fugitivo das pílulas azuis”. O verdadeiro Bin Laden provoca terror por convicção e persecução. Já o “Terrorista”, em alguma medida, provoca terror por encarnar em si o terror que vive.

 Nesse primeiro encontro, conversamos por mais de duas horas.  Não sinto o tempo passar. Quando digo que preciso ir embora, ele me diz: “Você vai voltar? Volta— assim a gente conversa mais”.

Saio, perplexa, caminhando pela grande cidade, especialmente com duas vivências extraordinárias― pelo menos para mim― o tempo suspenso no presente e a outra, ele pedindo para eu voltar. Lembro-me das Confissões de Santo Agostinho. [4]


[3] Música do cancioneiro popular infantil de autor desconhecido.

[4] Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém o pergunta, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.[1] Santo Agostinho- Confissões p. 243/244


O que foi possível reconstituir

Ao escrever este trabalho, busco reconstituir a história deste paciente, uma tentativa de criar uma memória e uma narrativa que pudesse ser sustentada em relatos, criar alguma continuidade para mim e para ele. Tento criar um recipiente que contenha a ação, o tempo, o lugar, e os articule, dando um significado e um sentido, ainda que aberto, a outras interpretações e construções. Considero a narrativa do paciente como uma forma análoga ao discurso no sentido a que ser refere Octávio Paz[5].

Primeiro contato com a família

Robótica[6], a irmã do Terrorista, liga. Vem ao meu consultório para conversarmos. Explico a ela como tinha chegado até o seu irmão, onde trabalhava e quem eu era. Digo que se eles aceitassem, faria mais contatos com ele para iniciar um tratamento.  Quase todos os dados históricos que obtive a respeito do Terrorista foram através desta irmã e, mais tarde, através do irmão mais novo, que fez contatos telefônicos esporádicos.

Houve uma tentativa, promovida pela irmã, há muitos anos, de fazer um tratamento com um psicólogo, mas esta não durou mais do que dois meses. Por algum motivo, a confiança se perdeu — ou melhor, nunca foi estabelecida. O Terrorista não quis mais vê-lo.

Robótica aceita arcar com os custos do atendimento e confiar em mim para dizer quantas vezes eu o atendo por mês. Ainda assim, um dia, liga dizendo que o amigo dela que tinha indicado o primeiro psicólogo gostaria de me conhecer. Pergunta se tenho alguma restrição em que ele venha ao meu consultório. Ela precisa de um asseguramento para além de sua própria intuição e necessidade de compartilhar com alguém o cuidado com este irmão. Este movimento também faz parte da demonstração de não confiança instalada nesta família. Senti esta desconfiança fortemente e considero a necessidade em acolhê-la se quiser dar continuidade a este atendimento. Não só concordo, como inclusive afirmo, o quanto considero natural esta atitude ― dou legitimidade ao seu pedido. O amigo vem e também conhece e trabalha com uma abordagem winnicottiana, o que facilita a nossa conversa.

A família é de origem muito humilde e de uma região muito carente de recursos. O Terrorista é o terceiro filho, tendo mais dois depois dele. Todos estudaram― o único que não tem curso universitário é ele; surtou dois anos antes de prestar vestibular, em torno dos 20 anos. Todos parecem muito inteligentes e por esforço pessoal conseguiram entrar em boas ou ótimas Universidades. Através dos relatos que ouvi aqui e ali, há indícios de que a família vive numa corda bamba emocional. Tanto o pai quanto a mãe foram adotados e desconhecem suas famílias de origem. No meu entender, este fato não pode ser desconsiderado, apesar de não podermos afirmar que este seja o fator de maior relevância na evolução da doença dessa família. Será que podemos pensar em uma problemática transgeracional?


[5] A forma mais elevada da prosa é o discurso, no sentido direto da palavra. No discurso, as palavras aspiram a assumir um significado unívoco. Esse trabalho implica reflexão e análise. Ao mesmo tempo, traz em si um ideal inalcançável, porque a palavra se nega a ser mero conceito, apenas significado. Cada palavra ― além de suas propriedades físicas ― contém uma pluralidade de sentidos. Octávio Paz, O arco e a lira, p.29

[6] Escolhi esse apelido para a irmã por essa ser totalmente robotizada, tanto no sentido emocional quanto profissional


O pai nunca aceitou ou entendeu sua doença. Brigavam muito, até mesmo por motivos banais. Apesar do pai ter sido adotado, ao que parece, esta foi uma adoção mais benigna, mas não podemos ter certeza disso. O pai não se queixa dos pais adotivos, e aparentemente tinha uma vida mais bem resolvida, mas, como disse anteriormente, isso pode ser apenas a visão de uma filha com um olhar destorcido. Ao que parece, o pai foi sempre muito ausente, seja porque estava trabalhando, seja porque não suportava as tensões dentro de casa.

A mãe vive num bairro de periferia de uma grande cidade. Robótica diz que ela é mentirosa, manipuladora e sempre promoveu a desunião. No entanto, o pai veio para a grande cidade, em busca de melhores condições de trabalho e a deixou grávida, com duas crianças pequenas. Não sabemos exatamente pelo que esta mulher passou, cuidando sozinha de três crianças pequenas e tendo sido ela mesma, também, filha adotiva.  

Agora podemos dizer por que consideramos a mãe do bebê como a pessoa adequada para cuidar daquele bebê; é ela que pode atingir este estado especial de preocupação materna primária, sem ficar doente. Porém, uma mãe adotiva, ou qualquer mulher que possa ficar doente no sentido de apresentar uma “preocupação materna primária”, pode ser capaz de se adaptar suficientemente bem, por ter alguma capacidade de se identificar com o bebê.[7]

Robótica diz que “a mãe só quer o filho por perto por pouco tempo, para se fazer de vítima e se exibir. Logo começa a procurar psiquiatra e quer interná-lo”.

Num episódio recente no qual o Terrorista foi preso e logo em seguida internado, encontrei sua mãe. Ela parece me ver como uma ameaça. Eu me pergunto: O que será que eu estou ameaçando? Que ameaça, concreta ou não, represento? A primeira resposta que encontro até parece chavão de livros sobre famílias esquizofrênicas. De alguma maneira, é preciso mantê-lo doente: a doença do Terrorista parece manter o equilíbrio precário da mãe e da família.  Quando o Terrorista começa a se cuidar, tomar os medicamentos e vir à terapia, a mãe é internada em um hospital psiquiátrico e a família toda se desorganiza de alguma forma. Poderia tudo isto ser ― mera― coincidência?

Penso em uma mãe adotiva ou biológica que não consegue entrar em estado de preocupação materna primária, impossibilitando a continuidade do bebê. Uma mulher sozinha, com um histórico de abandono, facilmente pode sentir que o marido a está abandonando e reviver situações traumáticas, novamente sem uma base de sustentação. Como ela poderia dar sustentação a esse filho? Com os outros filhos, ainda que de um modo precário, ela tinha o marido por perto.

A irmã Robótica― é mais condescendente com o pai do que com a mãe. Ela o justifica dizendo que ele era um homem ignorante, mas que fez tudo para que os filhos estudassem. Também trabalhava muito e por isto estava muito ausente de casa. “Era um bom homem, mas nunca se interpôs às maldades às quais a mãe nos submetia”.  Não dá para saber o quanto essa fala se origina de uma percepção realista ou de uma vida imaginativa adoecida pela precariedade emocional. É provável que encontremos vestígios das duas possibilidades. De qualquer forma, Robótica alimenta um ódio explícito pouco comum pela mãe.


[7]  D. W. Winnicott –“ Preocupação materna primária”. IN: Da Pediatria à Psicanálise. p.497.


Robótica se sustenta emocionalmente em uma mente privilegiada. Encontra, em seu trajeto, transeuntes que são transformados em figuras nas quais deposita uma enorme esperança; paradoxalmente, é profundamente sem confiança, o que provoca, na maioria das vezes, um desmanche precoce da ilusão, assim demonizando estes visitantes muito celeremente.

O Terrorista está na rua desde muito tempo, por sua própria conta. Sem remédio, sem roupas e em surto constante. Ainda assim, consegue fazer alguns “amigos”. Todos estes anos, solto na rua, nunca passou fome, frio ou qualquer tipo de necessidade de sobrevivência básica. Conhece pessoas num Centro Religioso que o protegem. Numa associação vinculada a uma Faculdade, é protegido pela Assistente Social e no Refeitório onde o atendi durante um ano tem alguns “amigos”, que o chamam de Saddam e foi um destes amigos que pediu para que alguém falasse comigo.

O manejo com este paciente foi exigindo de mim uma série de adaptações, algumas bastante radicais. Muitas vezes, senti-me como se estivesse vivendo numa montanha russa das mais velozes e altas. Tentarei através de imagens dar uma ideia do que sinto, visto que em palavras mais objetivas sou incapaz de fazê-lo.

O Manejo e as adaptações

De acordo com esta tese, uma provisão ambiental suficientemente boa, na fase mais inicial permite que o bebê comece a existir, a ter experiências, a construir um ego pessoal, dominar as pulsões e enfrentar todas as dificuldades inerentes à vida. Tudo isso é sentido como real pelo bebê, que se torna capaz de ter um self que, eventualmente, pode se dar ao luxo de sacrificar a espontaneidade e mesmo morrer.[8]

No princípio eram um bloco de papel grande, massinhas de várias cores, uma garrafa térmica de café com leite e eu.  Saio procurando por ele em dois ou três lugares em que costuma ficar. O Terrorista demarcou um território por onde fica perambulando. Se eu o encontro, consideramos como um atendimento. Durante alguns meses, não tínhamos uma periodicidade fixa― podia ser uma ou três vezes por semana, ou até mesmo nenhuma. Quando nos encontrávamos, eu o atendia num terraço aberto no Centro Religioso em que ele, às vezes, dormia. Em pouco tempo, o responsável pelo Centro não tolerou mais a nossa permanência no local. Fomos para a mesa de um bar, mas também foi por pouco tempo, e logo fomos desalojados. O Terrorista incomoda muito as pessoas. A mim competia ficar com muita raiva cada vez que isto acontecia; ele parecia não se incomodar. Por fim, encontramos um lugar que nos aceita — um refeitório local, que serve café da manhã e almoço para pessoas desabrigadas, no qual ficamos por mais de um ano. No princípio, encontrava com ele no refeitório de modo aleatório e com uma frequência que continuava muito variada. Às vezes, uma vez na semana; outras vezes, nenhum encontro e, mais esporadicamente, nos encontrávamos até três vezes numa mesma semana. Ele me esperava na fila do refeitório quando queria me ver. Num destes nossos encontros, fiz uma interpretação que considerei muito esperta e psicanalítica. Ele rapidamente me disse: “De onde você tirou essa bobagem? De algum livro do Freud? ”  Sorri muito sem graça, e concordei com ele. Muitas vezes ele me dizia que o que eu estava falando era só bobagem. Mas, muitas outras, como relatarei mais adiante, ele me surpreendeu com a aceitação do que eu dizia. 

O perfume e o turning point

Após dois ou três meses que estávamos no refeitório, o Terrorista me pediu para levar um perfume. Como eu estava usando uma colônia bem neutra, coloquei-a em um frasco e levei para ele. Ele pegou o vidro e entornou todinho em sua cabeça, banhando-se inteiro. A partir deste dia, os nossos encontros eram regados com café e leite, mais o frasco de perfume, que ele usava, mas já não mais com a mesma sofreguidão.  Ele passava o perfume como quem se prepara para um encontro.

Winnicott, em um artigo denominado “O cheiro”, relata um caso de um menino que perde um paninho que o acalma. “O paninho cheiro”, neste caso, relaciona-se com um objeto transicional e com a transicionalidade. No relato que faço, penso que há uma possibilidade do perfume vir a se tornar um elemento que constituirá e fortalecerá a transicionalidade, neste momento extremamente incipiente. É também verdade que, após o uso do perfume, ele suportou melhor nossa separação e não mais faltou aos nossos encontros.

Quando ele me pediu o perfume, imediatamente veio à minha mente a imagem de uma mãe e seu bebê sendo amamentado e pensei no quanto o cheiro da mãe é importante no reconhecimento que o bebê faz dela. No texto “Desenvolvimento Emocional Primitivo”, Winnicott faz a seguinte afirmação:

Com relação ao meio ambiente, só gradualmente pequenos pedaços da técnica de cuidado infantil, rostos vistos, sons ouvidos e cheiros sentidos são reunidos em um único ser total a ser chamado mãe.[9] [Grifos meus]

Daniel Stern também fala da importância do olfato e nos conta de um experimento feito com bebê:

O recém-nascido não tem bom controle sobre sua cabeça e não pode mantê-la ereta. Mas quando deitados de costas e com sua cabeça apoiada, recém-nascidos tem controle adequado para virar a cabeça para esquerda e direita. O virar a cabeça se tornou a resposta para a seguinte pergunta: Os bebês podem reconhecer o cheiro do leite de suas mães? MacFarland (1975) colocou bebês de três dias de idade deitados de costas e então colocou sutiãs de amamentar de suas mães de um lado de suas cabeças. Do outro lado, ele colocou sutiãs de amamentar de outras mulheres. Os recém-nascidos com confiança e consistentemente viravam suas cabeças em direção aos sutiãs de suas mães, independentemente de que lado os sutiãs fossem colocados. A virada de cabeça respondeu à pergunta de MacFarland de forma afirmativa: recém-nascidos são capazes de discriminar o cheiro do leite de suas mães.[10]

E, pensando nisto, supus que o Terrorista estava querendo recuperar a vivência de um aroma perdido, algo que pudesse mantê-lo conectado com a mãe/analista até o próximo encontro.

Vou abrir parêntesis e falar das minhas dúvidas e medos ao tomar esta atitude. Certamente esta não foi uma atitude usual e eu nunca tinha pensado ou feito nada semelhante. No entanto, foi uma atitude muito libertadora e da qual, posteriormente, outros pacientes se beneficiaram.

Michael Eigen diz:

Eu creio que os abusos de liberdade têm seu próprio rigor. Diferentes abordagens podem ter seus territórios de validade e que a fraqueza não pode ser vista simplesmente como um defeito de metodologia. Também reflete a riqueza de nossa subjetividade, de quem somos, de nossas possibilidades.[11]

Ao banhar-se no perfume pela primeira vez, ele permitiu que eu visse um ato de intenso desespero e sofreguidão. Durante o tempo que durou o nosso atendimento, o frasquinho com perfume ficava disponível sobre a mesa, onde quer que nos encontrássemos. Ao nos encontrarmos, o primeiro gesto dele é se perfumar, talvez numa busca de integração psicossomática a partir da identificação com algo muito primitivo relacionado ao cheiro da mãe/analista.


[9] D. W. Winnicott, Desenvolvimento Emocional Primitivo. In: Da Pediatria à Psicanálise. p.276

[10] Daniel N. Stern, The Interpersonal World of the infant. p.39  (tradução  minha) (The newborn does not have good control of his or her head and cannot hold it aloft in the upright position. But when lying on their backs so that their heads are supported, newborns do have adequate control to turn the head to the left or right.  Head-turning became the answer to the following question: can infants tell the smell of their own mother’s milk? MacFarland (1975) placed three-day-old infants on their backs and then placed breast pads taken from their nursing mothers one side of their heads. On the other side, he placed breast pads taken from other women. The newborns reliably turned their heads toward their own mother’s pads, regardless of which side the pads were placed on. The head-turning answered MacFarland’s question in the affirmative: infants are able to discriminate the smell of their own mother’s milk.)

[11]  Michael Eigen – Psychotic Core. p. 36. (tradução minha)

I believe the liberties taken have their own sort of rigor. That different approaches may have their areas of validity and weakness ought not be viewed simply as a defect in methodology. It also reflects the richness of our subjectivity, of who we are, of our possibilities.


A expressão do sofrimento através da massa de modelar

Ao trabalhar com as massinhas, o Terrorista vai narrando como seu Self está esfacelado. Primeiro as massinhas são picotadas e espalhadas pela mesa, depois ele faz bolachas de massinha cujas bordas estão todas esgarçadas.

Aos poucos, as massinhas de várias cores vão se misturando, ainda que permaneçam com as bordas esgarçadas. Muitas vezes, ele mistura cores variadas e depois perfura a unidade conquistada com lápis ou com galho de árvore, conseguido na rua. Na foto ao lado temos um exemplo das massinhas misturadas e esgarçadas.

Estas fotos apresentam um trabalho que reflete a evolução do paciente durante o período em que esteve em atendimento. Depois de algum tempo, as massinhas perdem esta característica de esgarçamento e começam a ficar mais compactas. São colocadas juntas, bem coladas, mas sem se misturarem umas às outras.

A qualidade do trabalho ao lado já é muito diferente dos outros. As massinhas e as cores compõem uma figura, mas não se misturam e nem mesmo estão com as bordas esgarçadas. Apesar do lápis aparecer na foto, ele não perfura ou agride o corpo da “escultura”.

Num dia qualquer, o Terrorista faz um bolo de massinha verde e coloca dentro do copo, que levo para ele tomar café com leite. Penso, mas não digo nada, que este é o Self contido dentro do corpo materno; procura um alojamento dentro de mim, o corpo da analista/mãe como sua morada psíquica. Há nesta imagem, no meu entendimento, um profundo simbolismo e parece para mim um avanço em termos de se conquistar um Self mais integrado e menos esfarelado.

Winnicott, em Natureza Humana ― no capítulo equivocadamente traduzido por Localização[12] da Psique no Corpo ―, fala de como a psique ‘habitar’ o corpo é uma conquista, uma conquista que depende do holding e do handling materno.

Penso, dando continuidade ao pensamento de Winnicott, que o bebê, para se constituir, precisa habitar o corpo materno não só fisiologicamente, é claro ― há que haver espaço psíquico nesse corpo. Foi um dos ensinamentos que esse paciente me ofereceu. Winnicott se refere à integração psicossomática no corpo do bebê, mas é fundamental que, antes que isso aconteça, o bebê possa usufruir de um lugar de alojamento no corpo materno.

A comunicação não verbal

O bebê não ouve ou registra a comunicação, mas apenas os efeitos da confiabilidade; é algo que se registra no decorrer do desenvolvimento. O bebê não tem conhecimento da comunicação, a não ser a partir dos efeitos da falta de confiabilidade.[13]

 

Apesar do paciente ser um homem adulto, com aproximadamente 40 anos, a matriz utilizada é a de uma relação mãe/bebê em seus primórdios, tendo em vista que as falhas apresentadas nos remetem para períodos muito primitivos do desenvolvimento emocional.

Ainda que conseguisse dar algum sentido ao que estava ocorrendo, intuí que não cabiam palavras entre nós. A nossa comunicação se dava silenciosamente. Sentia que estávamos conversando. Só quando saía do atendimento é que conseguia me dar conta que poucas ou quase nenhuma palavra tinha sido proferida; em alguns momentos, me senti bem louca.


[12] D. W. Winnicott – “A integração do ego no desenvolvimento da criança”. (1962). In: O ambiente e os processos de maturação. p.56


O bebê, do ponto de vista de Winnicott, é um ser neste início de vida imaturo e que continuamente é ameaçado a cair em estados de agonias inimagináveis.[14] Penso que o Terrorista vive nas fendas destas agonias a maior parte do tempo. Ele mostra através dos trabalhos com massinhas o que são as vivências de ansiedades/agonias inimagináveis, que seriam impossíveis de ser comunicadas através do verbal.

O ato de modelar entre nós foi usado para expressar as agonias para que, na medida do possível, eu/o outro desse a elas algum sentido. Pouco a pouco, a modelagem “compõe”, “esculpe” paciente e analista num corpo unificado, onde Soma e Psique caminham em direção à integração.

Chegar e estar em contato comigo era muito difícil para ele; a minha presença, muitas vezes, era sentida como aterrorizante; ele se sentia dissolvido em mim ― em outros momentos, invadido por mim. Mas separar-se também não era tarefa fácil. Muitas vezes, senti dores corporais ao fim de cada encontro. A cada separação, a frágil unidade conquistada ao longo do encontro parecia cair por terra.

Gradualmente, as massinhas foram deixadas de lado. A garrafa térmica/mamadeira e o perfume continuam. Mas no lugar das massinhas um terceiro elemento entra em jogo —a máquina fotográfica.  Ela já tinha entrado no atendimento e no setting, mas não tinha nenhum sentido dentro dele a não ser através dos registros que fazia de seus trabalhos. Agora, ela adquire um princípio incipiente, muito precário, de objeto transicional[15]. Não era mais só minha; passa a ser nossa. Rigorosamente falando, ainda não podemos pensar em transicionalidade, dada as demandas muito primitivas do Terrorista.


[15]  Para os que não são familiarizados com a teoria de Winnicott, sugiro o artigo: ” Objetos Transicionais e

    Fenômenos Transicionais”. In: Brincar e Realidade.


O que me levou a usar a máquina fotográfica?

Quando comecei a atender o Terrorista, resolvi registrar as produções dele. No início, ele se importava pouco com ela. Depois, passou a pedir para ver o que eu tinha fotografado enquanto eu fazia registros de nossos encontros.

O que vê o bebê quando olha para o rosto da mãe? Sugiro que, normalmente, o que o bebê vê é ele mesmo. […]

Muitos bebês, contudo, têm uma longa experiência de não receber de volta o que estão dando. Eles olham e não se vêem a si mesmos.[16]

Esta parecia ser uma maneira dele se perceber existindo dentro de mim, uma vez que ele precisava ser hóspede no corpo da mãe/analista para vir a existir. Agora já não era mais dentro do copo/corpo da analista, mas da lente/espelho/olhar da analista. Uma evolução? Pediu que eu imprimisse as fotos. Com elas fazíamos colagens. O próximo passo foi pedir para usar a máquina fotográfica. Algumas de lugar nenhum; outras, muito bem focadas. Uma série dele mesmo e depois uma serie de mim. Aos poucos a máquina, que eu usava para

registrar suas produções, entrava como um brinquedo na sessão. A máquina fotográfica foi ocupando um lugar que estava vazio.

Também, concomitantemente, comecei a fotografá-lo em partes: mãos, nariz, boca e paralelamente nomeava o que estava fazendo. Eu buscava conectá-lo imaginativamente às funções corporais. Uma vez ou outra, descrevia algo advindo das minhas sensações, odores, sabores ou sensações táteis. No final de cada encontro, tirava uma foto de corpo inteiro e também dizia isto para ele.  “Olha você de corpo inteiro. ” Ele exprimia muita satisfação e eu também experimentava uma satisfação em vê-lo inteiro. A emoção que me inundou fez-me lembrar do dia em que minha filha nasceu e foi colocada em meu colo, inteira. As lentes da câmera com uma dupla função: o olhar materno, na sua função especular e, ao mesmo tempo, o instrumento de integração psicossomática, constituindo o corpo.

O Esquizofrênico vive num corpo sem limites. Vive no infinito, sem a face materna para lhe dar a dimensão de sua finitude. Com a dimensão corporal esfacelada e com a desintegração da imagem do corpo, não há como se estabelecer a dimensão histórica de sua vida. O Terrorista me mostrou isto um dia através da máquina fotográfica. Começou a tirar fotos de um copo de café e, sem exagero, mais de 200 fotos foram geradas. Desvelava a forma de como os impulsos transbordavam dentro dele― sem nenhuma direção, nenhum sentido, nenhuma possibilidade de integração. Em cada uma das fotos, ele ia aproximando mais e mais o foco, até que o copo de café se perdeu e ficou apenas um buraco negro, que também se perdeu no infinito. Toda imagem que existia anteriormente fora deformada, dissolvida. Era assim que me informava sobre o que se passava com ele.

Usa-se o termo desintegração para descrever uma defesa sofisticada, uma defesa que é uma produção ativa do caos contra a não-integração na ausência de auxílio de ego por parte da mãe, isto é, contra a ansiedade/agonia inimaginável ou arcaica  resultante da falta de segurança no estágio de dependência absoluta. O caos da desintegração pode ser tão “ruim” quanto a instabilidade do meio, mas tem a vantagem de ser produzido pelo bebê e, por isso, de ser não-ambiental. [17] Quando afirmo minha percepção de que ele gosta quando o fotografo, ele me presenteia: “Você tira um buraco negro da minha cabeça”.


[16] D.W. Winnicott- “O papel do espelho da mãe e da família no desenvolvimento infantil”. In: O Brincar e a     Realidade. p. 154

[17]  D.W. Winnicott – “A integração do ego no desenvolvimento da criança”. (1962). IN: Ambientes e processos de maturação. p.60


Esta é uma das fotos a meio caminho da distorção. Ela vai se dissolvendo cada vez mais, até aparecer apenas uma mancha escura, sem borda e sem definição

Quando a mãe é incapaz, por qualquer motivo, de entrar em Estado de Preocupação Materna Primária, o bebê fica jogado nas agonias inimagináveis, especialmente a da falta de contato com o corpo e da não constituição de uma unidade originária. Vivências, como vimos, de um estado de fragmentação e esfacelamento, vivências de terror de quem nunca recebeu sustentação, estão presentes.  São os estados que acompanham este Terrorista ― que são, para ele, os únicos sinais vitais. Hoje medicado e com um bom acompanhamento, ele consegue falar do que chama de “medo”. Diz que tem medo de ser espancado e acha que é o remédio que o faz sentir-se assim. Pergunto se ele prefere ficar com os delírios a ter que tomar o remédio e ele: “Esse vazio é insuportável. Essa é a verdadeira loucura”.

Em algumas ocasiões, a máquina fotográfica serviu e serve de anteparo contra o medo da intrusão. Ele pode brincar e manuseá-la sabendo que eu estarei quieta, a certa distância, aguardando a possibilidade dele me olhar. A foto através da lente tinha a função de mediar o olhar do analista e, de algum modo, ao mesmo tempo, presentificava o olhar materno que não pôde acontecer.

A foto do copo, como outras, foi tirada incansáveis vezes, repetida incessantemente e com a aproximação progressiva e deformante do foco; uma repetição do olhar da lente, delatando um olhar materno mecânico, não um olhar que produzisse um encontro e constituísse o self. [18]


[18] Como diz Roland Barthes:

…. Aquilo que a Fotografia reproduz até ao infinito só aconteceu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente. Nela o acontecimento nunca se transforma noutra coisa: ela remete sempre o corpus de que necessito para o corpo que vejo: ela é o Particular Absoluto,[18] a Contingência soberana, impenetrável e quase animal, o Tal (tal foto e não a foto), em suma, a Tyche, a Ocasião, o Encontro, o Real, na sua infatigável expressão.

Roland Barthes- Câmara clara. p. 12


Um só coração

Numa sexta-feira de primavera, às vésperas de completar um ano do nosso primeiro encontro, nos vimos e conversamos bastante. Ele cantou a música de uma das copas do mundo. O trecho de que me lembro melhor:

De repente é aquela corrente pra frente.

Parece que todo o Brasil deu a mão.

Todos ligados na mesma emoção:

Tudo é um só coração.

Eu disse: “Sim, nós somos um só coração e uma só emoção”. E  ele se foi.

No dia seguinte, ligo para Robótica, apenas para dar algum retorno. Ela, assustada, pergunta se eu sabia o que tinha acontecido com o seu irmão; ele tinha sido preso no centro da cidade e dera o telefone da casa da mãe ― fora levado pela polícia para lá. Após demonstração

de um enorme desespero― onde tenta mutilar seus genitais―  é internado num Hospital Psiquiátrico.

Depois disso, passa para o atendimento com um psiquiatra particular, tomando um antipsicótico injetável, de vinte em vinte dias.  Ao longo de sua vida, inúmeras vezes, tentou-se medicá-lo. A mãe ia ao posto de saúde para que os médicos lhe dessem Haldol, que ela ministrava pessoalmente por dois ou três dias; depois entregava a caixa do remédio para que ele mesmo se medicasse, respeitando a dosagem e os intervalos prescritos, o que efetivamente não acontecia. Des-encadeia-se um novo surto ― e a des-continuidade dos cuidados gera novas rupturas e perpetua as velhas.

Ao sair do Hospital, a irmã arrumou um cuidador para ficar com ele, fiscalizar as medicações, acompanhá-lo ao psiquiatra e trazê-lo ao meu consultório para darmos continuidade aos nossos encontros.

Muitas vezes tenho de correr para “apagar grandes incêndios”, por exemplo, ele foge e se esconde; os remédios não são dados corretamente, etc. Ainda assim, ele tem saído de meu consultório muitas vezes cantando a música, “Meu primeiro amor”, que diz mais ou menos o seguinte:

Meu primeiro amor
Tão cedo acabou, só a dor deixou
nesse peito meu[19].

E às vezes, ele, também, sai cantando:

Tão longe, de mim distante, onde irá, onde irá teu pensamento.
Quisera saber agora, quisera saber agora, 
se esqueceste, se esqueceste, se esqueceste o juramento.
 Quem sabe se és constante, se ainda é meu, seu pensamento.
Minh ’alma toda devora, da saudade, da saudade, agro tormento[20].

Raramente se supõe que não querer viver poderia ser parte do querer viver ou como é usualmente generalizado nestes estados de espírito, achar a própria vida insuportável pode ser, em certas circunstâncias, a opção sã, o ponto de vista realista[21]. 

[19] Composição de Herminio Gimenez, José Fortuna e Pinheirinho Jr., fez muito sucesso na voz de Bruno e Marrone) .

[20] Composição de Carlos Gomes.

[21] Adam Phillips – Louco para ser normal. p.117.


BIBLIOGRÁFIA

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9- PAZ, Octavio – O Arco e a Lira. Cosac Naify, São Paulo: 2012.

10.         PHYLLIPS, Adam     – Louco para ser normal. Ed Zahar, Rio de Janeiro:  

            2008.

11.        SAFRA, Gilberto – Momentos Mutativos em Psicanálise. Casa do Psicólogo,

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12.       ______________ – A face estética do Self. Teoria e Clínica. Unimarco, São

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14.    ______________ – Desvelando a memória do humano: o brincar, o narrar, o corpo,

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16.        SANTO AGOSTINHO- Confissões. Ed. Abril, São Paulo: 1973

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            Psychoanalysis and Developmental Psychology. BasisBooks, USA: 1985.

18.       WINNICOTT, D.W –   Da Pediatria à Psicanálise. Ed Francisco Alves,

           Rio de Janeiro: 1993.

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20.       ______________.      A criança e o seu mundo. Ed. Guanabara Koogan, Rio de

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21.       ____________ . Brincar e a Realidade. Imago. Rio de Janeiro: 1975.

22.       ____________ . O ambiente e os processos de maturação. (Estudos sobre a teoria

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23.     _____________. A comunicação entre o bebê e mãe e entre a mãe e o bebê:

          Convergências e Divergências. In: Os bebês e suas mães. Martins Fontes, São

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29.      WINNICOTT, Clare e outros (org.) -Explorações Psicanalíticas de Donald W. 

           Winnicott. Artes Médicas, Porto Alegre: 1994.

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